terça-feira, 8 de abril de 2014

Córnea.

páginas de tantos livros que nunca lerei
se amarelando na estante com medo do outono
e suas folhas marrons obedecem a lei
de ventanias e abismos e poemas sem dono

desenho em meu pulso com aquela cor de anil
safira líquida que se opaca em minhas teias
liquida teu nome na pele e começa o abril
e tua marca em mim se disfarça de veias

desavença essa entre pele e caneta
que falha em refletir o que carrego
o sangue e a tinta não ficam violeta
e essa aquarela insolúvel me faz cego

mas as pétalas caem por uma razão
os galhos pelados trazem o inverno
seus olhos secos pedem a união
de cores frias na paleta do eterno

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