domingo, 12 de novembro de 2017

Tão

Eu estou numa cúpula no meio do céu.
Enxergo o que suas paredes permitem: nada
que não esteja debaixo de meus pés

Eu estou numa cúpula no meio do céu
que não tem nada de citadela nem de purgatório
mas paira sobre tudo sem direção aparente

A cúpula que me engole dentro do céu
tem um domo através do qual nada se vê
mas por baixo de mim
tudo que já há um tempo
perdera sua cor
agora serve de chão, através do qual
eu tudo vejo

Flutuo no tempo e tento
atingir o que meus olhos não vêm
mas não há mais ideias ou sonhos
apenas o que está de imediato.
me envergonho, me calo e me deito
esperando o domo se abrir
para minha mente se ultrapassar
e expandir-se para além do olhar-torre que
me amarra à Terra e torna paraísos impossíveis.

(...)

Mais uma vez me
inebrio de sono e
mais nada.