domingo, 21 de setembro de 2014

Quando o Álcool Acaba

Quando o álcool acaba, é muito triste.
Toda a humanidade da festa entra em colapso
quando o álcool acaba. Isto
é um fato.

Aquele cara que está deitado sobre a sua
namorada e sobre aquele sofá onde um dia
há muito tempo mesmo algumas pessoas sóbrias
já estiveram sentadas
Aquele cara dorme chorando
Quando o álcool acaba.

E dentro dos sonhos dele
Tudo são lembranças vagas que ele não quer ter
Mas que ele não vai conseguir apagar mais
Porque elas não se acabarão
Assim como o álcool.

E não adianta todo o esforço de Hércules-bebaço
que ele possa tentar fazer.
Nenhuma sopa primordial
Nenhuma radiação dos rolês
Nenhum guru do mundo das drogas
Irá aparecer para miraculosamente salvar a festa
E transformar a água em álcool.

Quando o álcool acaba
As questões da vida começam a roer os cérebros em festa
Pouco a pouco
E a diversão vai ficando raquiticamente magra
E doentia, convalesce e gorfa
Sobre os homens e as mulheres.

Quando o álcool acaba
Logo ele começa a se tornar aldeído
Que logo começa a se tornar ressaca
Que logo começa a se tornar arrependimento
Dentro dos corações mal fermentados.

Sim, minha querida, eles viram os teus mamilos
Enquanto tu dançavas loucamente naquela bagunça
Etílica e burguesa
Viram tudo, viram-te nua e destilada
Viram tudo e tem fotos

Estou falando contigo, senhorita Liberdade
Sua puta!
Por quê, minha querida, por quê permitiste
que o álcool acabasse no meio da festa?

O rolê expirou como um antivírus pobre
E o veneno - a única coisa que jamais pode faltar -
morreu.

Agora ninguém mais vai conseguir esquecer nada
E tampouco lembrar de alguma coisa.

Quando o álcool acaba
A vida volta a haver.


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