domingo, 29 de setembro de 2013

Café

Pego o telefone com a maior velocidade possível. Eu penso "Atende! Atende!". Toca duas vezes. Três. Quatro.
-Alô?
Ufa!
-Alô? Quem é?
Ela me atendeu!
-Eu vou desligar!
Antes que sua voz doce fosse embora pra sempre, eu respondo:
-O-oi! É da casa da Alice?
-Quem gostaria?
-Jonas!
-Jonas? Que Jonas?
Ela não se lembra de mim? Será que devo desligar?
Antes que meu pensamento tenha chance de chegar à língua, eu digo:
-Eu sonhei com você essa noite.
-Quê? Como assim? Eu vou ter que chamar a polícia?
-Não, não! Sou eu, o Jonas! De ontem, no Starbucks! Derrubei café em você! - agora ela deveria se lembrar
-Ah! Claro.
O telefone fica mudo por segundos, mas parecem horas.
-Sonhou o quê comigo? Foi sacanagem?
-Não lembro. Improvável que tenha sido.
-Mas então como sabe que sonhou?
-Não sei. Só sei que sonhei.
-Foi sacanagem.
-Eu não lembro!
-Vamos no Starbucks um dia desses? - O que estava acontecendo?
-Quarta, no almoço?
-Quarta, no almoço.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pequenos e Grandes

Dez somos nós, eu e nossos avós
Pois sois o menor dos nós, sol-e-estrelas
Que sei, eu, quais são mesmo os nossos sóis?
Que sei, será?, sobre estes meus lençóis?
Em maus lençóis o sol me bate, ingrato
O fato que suponho é só desgosto
Pois eu penso, por exemplo, o seguinte:
Os astros são nossos, e isso é fato
Mas qual é a inebriante mente
Que mente e diz que são nossos, os astros
Que só conclui o centro do universo
Como nós, não, na verdade, o inverso
Que é o que há: somos bem pequenos
Lógico que, felizes, somos plenos
Mas ainda assim, repito: pequenos
Mesmo que sonhemos grande: pequenos
Se ao menos escutasse o trovoar
Das flores ao invés de só pensar
Nos amores, pensar também nos astros
Talvez até fosse um astro. Não sou.
Pois penso e aqui, como vento, eu voo
E vou dizer mais: eu nunca decolo
Decoro a altura e o meu pensamento
E me deixo levar até o momento
Momento de lembrar que nós não somos
Astros, pássaros: andantes, pensantes
Até amantes da natureza somos
Mas astros somos? Não, não alcançamos

domingo, 22 de setembro de 2013

Uma foto


Na lida diária das páginas do mundo
Me pego de surpresa, que choque.
O que percebi em mim, absurdo,
Ocorrer com assunto que a isso toque.

Simplesmente tomei consciência,
Mais uma vez, do bom senso moribundo.
Nas emoções, tremenda violência,
Durante um décimo de segundo.

Bastou ao olho o toque de uma imagem,
Na retina uma foto colou muito bem.
De oitenta a oito numa tiragem
Só de reações que ninguém tem.

Três estados psicológicos,
Passei por eles do começo ao fim,
Sabendo durante que de lógicos
Nada tinham. Mal a mim.

E é dessa violência que eu faço
De meus dias a aspereza.
Se uma foto me trás tal lapso,
A realidade me explodirá a cabeça.

E sem cabeça, espero eu,
Não reclamarei do que tiver que passar.
Veja: O bom senso já morreu,
Por que não a ele me juntar?

Descarta ideologias

É uma dificuldade a dissociação
Que gero no meu imaginário.
É difícil mantê-la á mão
Contra o caos diário.

Ao longe uma possibilidade
Se solução, se novidade
Se prova somente uma mais
Uma dúvida, incapaz.

Assim não pode ficar.
Com todo o direito de raciocinar
Digo-me capaz de te mostrar
E fazer de tudo isso
Um exercício pró-omisso
De te fazer perceber o discurso
Que diariamente uso
Na defesa da minha consciência,
O mesmo que soa insolência
No ouvido de quem nunca ouve,
Onde nunca houve ciência.

Observe na vida o seu melhor
Fato e desmembre as impressões.
Não há adiante nada pior
Do que as endurecidas visões.

Amar Estrelas

As estrelas parecem tão brilhantes
Que tentamos até catá-las
Não param de ser brancas e pulsantes
E nos enganam fazendo-se de ralas

Mas são as estrelas nossa fonte de luz
Ou nós que inspiramos esses astros?
Queimam?, sim, mas ainda assim
Nada satisfaz como o brilho de Centauro

E estão lá, imponentes, aquelas estrelas valentes
Enquanto nós, impotentes, humanos fazemo-nos grandes
Já aqueles pontos insignificantes
Realmente detêm o verdadeiro valor, realmente

Seria Alfa Centauro tão diferente de Plutão?
Não me difere aos olhos, muito menos ao coração.
Tá tudo lá no céu, tão difícil e tão distante
Não importam aqueles pontos se tenho felicidade a jusante

Mas que felicidade plena aquela da ignorância?
Seria ela uma benção ou um retrocesso interno?
Pois se não nos importamos com as estrelas lá do alto
O que realmente é conhecimento e alegria, de fato?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Eller

Oi, eu detesto sua indiferença
Prazer, já te conheço?
Te vi em outra vida
Ou será que foi em uma foto caída?
Dessas achadas, ao acaso, no chão.
Não importa: meu nome não é João
Seria muito comum, e não merecemos comum, não é mesmo?
Se séria é incomum, dista-se de sequer um "oi"
Devia ser um poema constante o seu cumprimento
Bom dia, será que sou sua diferença?

Desabe, retome, ande, corra
Mas avise um dia antes que morra
Compraremos aquela flor que você mais adora
Mesmo que não fizer mais parte de nossa flora

Os dias passaram, e nós sabemos quando estamos sonhando
As noites viraram, e não sei se de fato acordamos
Ainda lhe guardo aquele resguardo, "aquele abraço"
Que te daria mesmo que sem braços
Que lhe sorriria mesmo com um violão entre os dentes

A felicidade sempre muda a indiferença.

Liberdade

De volta pra baixo
Tocando cabisbaixo
Guitarra, baixo ou um rosa?

Voltando ao refrão
Medindo a emoção
Da plateia fervorosa

Mentira deslavada
Empurro pela escada
Minhas mãos caridosas

Digo: "Aplaudam!, digo, mereçam!"
Por mais que peçam
Troco olhares calorosos

A bateria que me move
Pode ser chamada de um coração que comove
Mas são as células em ligação nervosa

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Hairy

And I'd liked to see what you see
That weird version of you, of me
Trying to actually get inside our thoughts
Figuring out who's killing all the moths

Distant questions trying to explain
Unique mentions inside our brain
Will I dance with you in the rain?
Or are we dry, once again?

The why, may we ask?
We'll fly, drinking flasks
Of poison or of nectar
With choices or on jesters

Joking, tragically speaking
Mensurating our ideal picking
Menstruating all thoughts of pleasure
Abominating every hash of measure

Põe Minha

As folhas que escrevi pensando alto
A alma no papel despejo, inquieta
Os versos que pensei, assim de assalto
Desfolho sem querer, cumprindo a meta

Eu, metalinguisticamente, choro
Vendo estas ilusões (a qualquer preço)
Não meço meus valores, e te adoro
Meu sentimento débil, te mereço

Não sei se leio um livro ou se me livro
De ler de novo as dores do passado
Pois nada além desejo: enfim, ser livre
De um presente, de um futuro acabado

Canso. Choro. Desisto. Escrevo. Paro.
O meu reflexo vejo nestes versos
Espelho de razões, carentes ondas
Do mar de amar este ideal perverso

VIANNA, Gustavo
ANDRADE, Antonio

Apolo [Parte - 05 Frente a frente]

 Depois de algum tempo de fuga, falo em anos, o sol começava a aparece, talvez tenha sonhado de mais a ponto de prolongar a minha fuga, que antes durava alguns minutos, a uma fuga que se estendeu durante toda a madrugada. Naquela noite o Sol me aparecia, e oque mais aquele pesadelo guardava para mim? Queria que a noite chegasse logo para descobrir.

-O mais profundo dos meus sentimentos-



  Qualquer momento é impossível de ser descrito, pode ser falsificado, replicado em linhas coerentes , enrolar o leitor com belas palavras para tentar criar a emoção que se guarda contigo. Impossível descrever algo tão complexo quanto um momento, deixaria de viver todos os outros tantos momentos que tenho para descrever apenas um segundo de minha vida. Perca de tempo, um velho, como eu , estar tentando frustadamente descrever a sua podre angústia, porém agradeço poder perder meu tempo, pois não tenho nada a ganhar, o melhor que me pode acontecer é eu perder logo tudo oque me resta, e por favor , se tem piedade de min, Deus, se é que o senhor existe, misture meu sangue a esta terra depressa e macere a minha memória de forma a deixa-la tão pequeno que simplesmente será esquecida em um relutar dos ventos. Meu sangue há de um dia se misturar nesta terra, é inevitável, voltarei a terra que me trouxe a vida, voltarei e me transformarei em praga, ou simplesmente em alguma dessas arvores que não são belas e tão pouco dão frutos.
 Era o dia que toda a minha prece era concedida , estava frente a frente com meu pesadel , fui colocado lúcido em um estágio onde tinha controle de todos os meus atos.  Estava em minha cama , a mesma cama a 13 anos , e sabia que estava em meu pesadelo. Levantei , não abri a janela pois sabia que ele estaria lá, fui a porta.

-Tenho que ir , Agora! -

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cacofonia

Me trata de tanto contar
O que podemos amar
Tentando, em vão, explicar

Trata então de tentar o mar
Excreta e ignora o medo da morte
Assume que tratar e tentar são caprichos de sorte

De ângulos, feito, até é obtuso
Conclave das ideias parando o fluxo
De sangue e elétrons, nunca sem uso

Iluminem nossos caminhos, com vossa sacra
Juventude idealista que quer deixar marca
Tocam a vida ou um alaúde?

sábado, 14 de setembro de 2013

Gemini

Há uma mancha vermelha sobre a cama
Há uma nova folha jogada no chão
O menino ainda pensa no que realmente ama
A menina decide se quer ou não ter coração

Por que mesmo as pessoas gritam?
Pensava nisso ao escrever a vida
Gritam porque as coisas as irritam?
Ou gritam porque querem ser lembradas na ida?

domingo, 1 de setembro de 2013

Metalinguagem

E se peço desculpas não é pela demora
Mas por ter de esperar por fazer algo assim
Não me sinto devedor de uma explicação satisfatória
Mas o meu coração já sangrou nanquim

E conto que escrevo porque quero fazê-lo
Meus dedos viram tinta e minha mão é a caneta
No teclado ou no caderno, de verdade ou na cabeça
Mas nas linhas que não caibo, não escrevo, não me peça