quarta-feira, 27 de abril de 2016

Me Reescrever

no vapt-vupt do furacão das minhas
dores
eu me absorvo e respiro,
não desisto.

Talvez a vida me traga pétalas,
talvez espinhos de vez em quando - mas sempre florese eu saberei melhor separar o A do B
sentir o aroma ou o sabor de sangue
quando tempos menos turvos vierem...

Tenho esperança
mas não faço só esperar
Me acalmo
mas não deixo a vida (me) passar.

Forte

me movo e o vento me ouve
e comove com o frio (con)sagrado.
não me escondo, nunca temo ver
onde levarão-me estes sopros.
e de novo eu insisto em querer
ser vento e ser fogo e do povo
e ser logo.

mas a brisa me acalma e eu respiro
tudo que me enche de mim.
então está tudo bem,
por menos que me pareça assim.

o vento me enche os ouvidos
e eu não ouço nada de ninguém que me envolve.
me sinto num poço tampado, esquecido
enquanto meus pés sentem o gosto da terra

então vem poeira aos meus olhos
e a arte de ver se desmancha em cima do meu nariz
e as luzes me gravam fotografias sem substância

então o frio me congela as mãos
e encostar em qualquer coisa me machuca

o barulho do vento me deixa mudo


Presente distante

Estou todo desmontado
mas não sinto muita coisa
já chorei muita pitanga estragada
e ontem mesmo joguei umas pitangas no lixo
- estavam lotadas de larvas

mas as larvas já são moscas
a essa altura
já eu estou desmontado
e não sei quando farei
meta mor fo s

não que eu queira ser uma mosca
talvez uma borboleta
talvez presidente
talvez eu não seja muita coisa

na verdade
talvez eu não esteja desmontado
mas só esqueci
de jogar óleo nos encaixes
de exercitar as juntas
e me juntar pra ser (de) novo