dorme com qualquer um pra se tornar artista
tão fácil pra vocês, pra mim se faz difícil
escrevo pra satisfazer almas, sofista
nos meus sonhos fujo de teu toque grácil
a sereia por quem afundo meu poema
em teatro lotado embaixo d’água diz
“te aqueço nesse frio, meu querido, não tema”
mas congelo de dentro, pela cicatriz
pois a beleza é uma puta faminta
que só brinca com meu coração indefeso
o gosto dela entrava a língua, extinta
me deixa mudo de voz e pensar coeso
da beleza, eu sou somente oposição
pra todos os outros ela vem, atraente
e em mim ela orbita: só dança, sem canção
me deforma com sua atração expoente