quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Além do que se vê

Fechou as portas da casa de paredes sem cor
Esqueceu as janelas, cansou-se de frescor
Andou no escuro de objetos em extrema desunião
Não passava disso: menino privado de ter opinião.

Sentou-se no raio de ternura de velhas velas
Contornou e pintou silhuetas escuras em telas
Refletiu sobre o preto apagado da alma
Para alegrar a mãe, fingia ter calma.

Hamlet o fitava jogado aberto ao lado
Sabia no fundo que não seria decorado
Obrigações mudam rápido em cidadelas
Ser ou não ser, escolher não era uma delas.

O telefone toca: Já era hora de ir
Finalmente legalizava-se o sorrir
O dia seguiu como um grande laboratório
Em cima do palco, doce observatório.

O público o obrigava a viver
O anseio, o obrigava a escrever
A família suplicou a ele se habituar
Ele achou a solução: Decidiu atuar.




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