quinta-feira, 18 de julho de 2013

Bom dia!

Eu procuro o objeto cortante mais próximo... um alfinete! Sim!
Pego o alfinete e furo meu dedo indicador. Não sinto nada.
Preciso, preciso de algo mais forte... Preciso de uma faca! Logo após eu pensar nela, como num passe de mágica, aparece uma faca em uma mesa de cabeceira que eu não lembrava de possuir no meu quarto. Era, era meu quarto, certo?
Não importava. Pego a faca e, ah, como eu lembro da sensação. A sensação de não sentir nada. Corto meu dedo pra fora, e não sinto nada! Não tenho mais anelar nem mindinho, mas nem sangrar eu sangro. O que está acontecendo comigo?
Uma janela, eu preciso de uma janela. Não sei por que, mas lembro que tinha uma janela na sala. Abro a porta do meu quarto e lá está o corredor que leva à escadaria de mogno que, por sua vez, termina na minha tão querida e necessária sala.
Não lembrava desse corredor ser tão longo, no entanto.
Na verdade, não acho que tenho qualquer lembrança do corredor. Onde é que estou? Que casa é essa?
Eu grito verbalmente a última pergunta, e só escuto o silêncio. O silêncio como se eu estivesse em um lugar onde o som não se propaga, pois não ouço nem a minha própria pergunta. Me recordo do relato dos que subiram o Monte Everest, que dizem escutar Deus tamanho é o silêncio no pico. Mas eu sempre achei que era tudo piração, que na verdade eles tiveram alguns problemas mentais por causa do frio.
Me concentrando no meu objetivo, volto meus olhos que antes estavam olhando para o teto, para o corredor. Mas não há mais corredor. Há uma espécie de bondinho vazio em um cenário gelado, com tempestades de neve nos assaltando, a mim e ao bonde, por todos os lados. Decido entrar no bondinho, uma construção de aço suspenso em um trilho aéreo. Não me parece muito seguro, mas adentro mesmo assim pois não sinto que segurança é um problema muito material, onde quer que eu me encontre neste momento. O bondinho começa a andar, de repente, e está subindo a encosta de uma gigante montanha.
Não escuto nada. O som da neve batendo no meu rosto, o "cleque-cleque" das rodas no trilho, nada. Estou sob um silêncio quase tangível.
E de repente avisto um homem sentado ao meu lado. Ele não estava lá antes... tenho quase certeza disso. Tenho, tenho certeza, certo?
Ele tem feições similares a alguém muito importante, e um porte físico familiar. Eu falo algo com ele, mas não ouço o que eu mesmo pergunto. Se é que perguntei algo.
O que eu lembro é o que ele responde...
O que foi que eu perguntei? Droga, não consigo lembrar
Não consigo, não consigo, mas sei que é extremamente importante. Aquela resposta não é nada leve ou simples, é crucial para mim. Mortal, fatal até, diria.
Ouço um "cleque" do trilho. A rodinha parece ter escapado, e agora estou caindo. Caindo. Caindo.
Abro os olhos.


"Bom dia", diz minha mãe. "O café da manhã está pronto, você vai se atrasar, filho!"

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