sexta-feira, 14 de julho de 2017

expresso

Roberta Pasárgada pegou uma encomenda no Paraguai e levou a encomenda do Paraguai para a fronteira entre Paraguai e Brasil
Na fronteira perguntou pro moço
“moço, posso passar?”
mas o moço era um policial armado
entretanto, sair do carro permitiria que Roberta visse as sacas de cocaína que o moço carregava detrás da viatura como um corpo provavelmente negro
lucrativo
então ele não saiu do carro
e preferiu atirar lá de dentro
Roberta hoje não tem mais braço esquerdo mas, destra, seguiu dirigindo até o Rio de Janeiro.
Mentira.
Roberta hoje não tem mais destreza no braço direito, mas havia desenvolvido uma improvável habilidade de dirigir com os pés. Foi até Cuiabá e trocou de carro; seguiu para Goiânia e de lá pegou um circular e um avião de Brasília (B S B) para Ilhéus
mas ilhéus não tinha aeroporto na época
então o vôo na verdade foi para Salvador, onde se encontrava a alfândega
E lá estava a Polícia Federal
Que falou: “ora ora”
Aí Roberta disse: “putz grilla”
mas na verdade estavam lá mais para prender um político tucano do que pra resolver assuntos de contrabando internacional
daí que Roberta seguiu impune e imune pra casa de sua filha
a quem entregou uma encomenda especial
era um presente de Natal
atrasado 24 anos.
Um CD dos Beatles que só fora lançado numa feirinha de rua em Cuzco
uma ocarina – do tempo?
uma flauta doce da Yamaha
o videogame que estava na moda
7 pendrives, só 2 funcionavam
livros bonitos
um abraço
uma lista de compras
uma lista de coisas que Roberta queria fazer com a filha antes de morrer
um peixinho dourado que provavelmente estava morto
de cansaço
um sino pra chamar a atenção de quem passasse na rua
moedas diversas
um tazo
cestas entrelaçadas
umas pílulas
maconha da boa
etc.
mas a filha de Roberta, pra dificultar as coisas
havia morrido num suspeito acidente doméstico
e já tinha tido o enterro

foi então que Roberta Pasárgada desistiu completamente de tudo.

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