o poeta senta-se a mesa
como Chopin ataca as teclas
ou como um cozinheiro afia a faca
como Chopin ataca as teclas
ou como um cozinheiro afia a faca
dilacera sua carne em cubos
nem uma nota a menos, com
paixão obcecamos nossos vícios
nem uma nota a menos, com
paixão obcecamos nossos vícios
ou são eles que nos obcecam?
turvos, queremos que um inferno
d’um palito de fósforo surja
turvos, queremos que um inferno
d’um palito de fósforo surja
essa fome cega e essa sede
do artista de se cortar em
cubos e notas mata mais à noite
do artista de se cortar em
cubos e notas mata mais à noite
quando o relento lhe faz louco
não se dá conta, o jantar
sua própria carne, servida em prata
não se dá conta, o jantar
sua própria carne, servida em prata
a música ao fundo expande
mas sobra sal. cospe, vomita
sobre o tapete persa carmesim
mas sobra sal. cospe, vomita
sobre o tapete persa carmesim
desgosto de si é a morte
de quem escreve e toca e come
poesia, romantismo e mignon
de quem escreve e toca e come
poesia, romantismo e mignon
Nenhum comentário:
Postar um comentário