quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ge(l)ada

O brilho de um olhar
Que, quando quer, engana e confunde
Mas não me ilude.
É um olhar inocente, de quem que descobrir
Até, finalmente, cair

Até o próximo instante, se faz inconstante e distante
E não me chama.
Por pés e léguas fica longe do que está ao seu lado,
A jovem dama.
Para então acender, numa nova vítima, a chama

A brancura dos sorrisos
E dos olhos faz parecer que é uma alma pura
Que cura
Mas os dentes seriam sujos e, nos olhos, catarata
Se mostrassem a verdade ingrata

Mas ainda sim purifica todo o ambiente,
Às vezes pura, então: malícia.
Ainda que o ruim nos pareça uma delícia
(Não que não seja, claro)
O limpo se faz um commodity raro

Mas tenhamos calma
A jovem dama não se engana ou destrata de propósito,
E a propósito,
Seus sorrisos, quando vindos, nos fazem esquecer de qualquer propósito
E nos acalmam

O sangue de luxúria, caos, ordem e inocência
Que em suas veias corre
Confunde, inclusive, sua maculada essência
Seu eu-mesmo morre
E meu eu-lírico se comove com sua história

E, sem demora,
Tenta salvá-la da escuridão (e da luz)
Lhe dar emoção
E fazer brotar, de novo, na dama, sua flora
Seja a forma o que for

Com grave estupor
Lhe grita de volta à realidade cinza
Não grita "amor"
Mas "Não transforme tudo isso em cinzas,
Por favor.".

E a jovem dama, sem drama e sem egoísmo,
Sem maniqueísmo,
Se põe à sua essência, absorve e emite tudo ao seu redor
Transpõe sua alma
E volta a(o) que(m) era antes de sentir-se só

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