domingo, 3 de novembro de 2013

Cárcere

Salvando a saliva que percorre o pescoço
Sorvendo teu líquido vital por uma taça rachada
Valorando o pensamento, num momento
Tão inútil, inocente e ignorante
E perdido num instante

Mas falantes, os olhos amantes se transpõem
Numa dança visual se situam perdidos
Contidos a si mesmo e, principalmente
Caídos e bagunçados pelas mentes
Realizando sórdidos perdidos


Continuando a mentir, se transpõem, translúcidos
Luzes se passando por sede animal, rústicas
Enquanto desenrolam uma ação quase mística
Das liturgias prazerosas e reprimidas
Gritam, um ao outro: "Fica!"

Por mais que os pormenores se distanciem infinitos
O amor poliforme se contrai ao encontrar
Uma outra definição aos desejos ignívomos
Umedecendo os paladares, tão difíceis de agradar
Tecendo seus próprios mitos

Mas então, à distância, um aceno impessoal
Que contrata a frieza necessária para que
As chamas antes presentes estejam mais ao plano astral
Que com os pés no chão, numa cadeia
"Mas está tudo bem", pensa, de boca cheia.

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