quarta-feira, 27 de abril de 2016

Forte

me movo e o vento me ouve
e comove com o frio (con)sagrado.
não me escondo, nunca temo ver
onde levarão-me estes sopros.
e de novo eu insisto em querer
ser vento e ser fogo e do povo
e ser logo.

mas a brisa me acalma e eu respiro
tudo que me enche de mim.
então está tudo bem,
por menos que me pareça assim.

o vento me enche os ouvidos
e eu não ouço nada de ninguém que me envolve.
me sinto num poço tampado, esquecido
enquanto meus pés sentem o gosto da terra

então vem poeira aos meus olhos
e a arte de ver se desmancha em cima do meu nariz
e as luzes me gravam fotografias sem substância

então o frio me congela as mãos
e encostar em qualquer coisa me machuca

o barulho do vento me deixa mudo


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