sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Beleza.

dorme com qualquer um pra se tornar artista
tão fácil pra vocês, pra mim se faz difícil
escrevo pra satisfazer almas, sofista
nos meus sonhos fujo de teu toque grácil

a sereia por quem afundo meu poema
em teatro lotado embaixo d’água diz
“te aqueço nesse frio, meu querido, não tema”
mas congelo de dentro, pela cicatriz

pois a beleza é uma puta faminta
que só brinca com meu coração indefeso
o gosto dela entrava a língua, extinta
me deixa mudo de voz e pensar coeso

da beleza, eu sou somente oposição
pra todos os outros ela vem, atraente
e em mim ela orbita: só dança, sem canção
me deforma com sua atração expoente

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