sexta-feira, 16 de maio de 2014

Janêo e os Seres

Janêo acordou com cheiro de sonhos... estaria a padaria abrindo ou o odor era uma simples manifestação de um ide reprimido que se rebelara contra a própria realidade, formando então encarnações oníricas ao vivo e de repente - sem sequer perguntar para Janêo?
Janêo não sabia responder essa pergunta.
Mas sabia que já havia passado seu horário de acordar, então tomou aquele banho e se despediu dos pais que ele há muito abandonara e que não estavam lá.
Nu, correu atrás de seu ônibus e percebeu gostar do ritmo que se impusera às suas pernas. Decidiu: "a partir de hoje eu só vou correndo".
E correu. Muito.
Eis que um dia, com pés de sola negra e castigados pelos dois sóis que não cessavam seu brilho, Janêo viu-se cansado e tentou voar - mas não era aquele tipo de sonho. "Bem, acontece", pensou.
Viu caindo um vaso de petúnias, na direção de seu rosto. Pensou "Ah, não, outra vez!", mas era tarde demais para intertextualidades (e metalinguística). O sonho o matou.

Desperto de fato, tomou banho em um apartamento vazio e embarcou em um ônibus quebrado, comprado por uma companhia corrupta de uma cidade mais cinza que o céu dentro de seus sonhos.

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