segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O que é

a língua na boca
que beija e gorjeia
o leve do pé
que corre e escanteia
os dedos na mão
que percorrem e pinçam
com as digitais
que, seguras, interpretam

a força nos braços
de quem tem história para contar pelos olhos
e para fazer...
o brilho do lago onde se banha aos domingos com a família debaixo da cachoeira
ou às vezes a sós consigo

o divino dos cabelos é
a desgraça dos lábios de alguém
que é alguém que desgraça os cabelos de
quem é divino também

o peso nos ombros que arrasta(m) cabeças que querem
cabeças rolando
é leveza e almofada pro traseiro
de ninguém que seja humano de fato

mas os dentes estão
a pele também
o couro resiste
e a alma...
amém

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Eu acho que eu entendo a UNESCO

eu não entendo como minha cabeça funciona
mas às vezes tenho impressões de que entendo
minhas impressões
de que eu entendo
*AVISO: Não foi detectado papel na impressora. Reiniciar?*

mas o que são afinal as narrativas pós-modernas?

fragmentação
do indy
víduo
vida-viaduto
vira adulto
viu?

baboseira
não existe a sociedade pós-industrial
porque ainda se fabricam
...
não existe a sociedade pós-industrial,
ela ainda se fabrica
...
tecido não-tecido

boom!

pulei a referência
engoli a bibliografia
não peguei a piada
não vou te explicar
não vou me explicar
eu acho que eu entendo como algumas coisas funcionam

por exemplo, a UNESCO, a mensagem, uma ou outra coisa sobre o capitalismo
mas se eu explicasse eu não ia acreditar

tudo é determinado
por um conjunto infinito de coisas,
que, já que é infinito,
é impossível de se determinar em sua totalidade
etc.
mas nóis tenta, ô se tenta
e que bom,
graças a

*Reiniciar?*

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Manifesto Diferente

Porque um
mundo de fato
belo e imundo
- como todo bom mundo
devia ser - é feito
de atos
de coragem
e de fúria

nesse imundo todo
a indiferença - que parece
que te limpa
- só te põe no mudo
e não muda nada

por isso e por meio deste
se atesta que nós da terra e do
concreto
do fogo e do ar
do punho, de carne e osso
aquelas e aqueles que carregamos
inseguranças medos incertezas lutas desejos vontades esperança e
uma beleza que é muito nossa

nós que temos no peito a humanidade imunda
acreditamos no mundo em que
mimam
miram
morrem
mesclam
mijam
mordem
podem
põem
papam
pegam
pintam
penteiam
preparam
derrubam
decoram
deitam
dormem
dobram
dão
distribuem
divertem
acertam
aquecem
acolhem
ajudam
alimentam
alentam
aturam
adoecem
aspiram
respiram
ressurgem
rateiam
rodeiam
libertem
pois bem,
um mundo em que todas e todos
merecem.

Até lá, está declarada proibida e
indiscutivelmente será censurada
a não-diferença!